O mundo pode ser solitário, frio
e até mesmo escuro. Encaro o teto e tento me imaginar feliz, eu desconhecia
esse sentimento depois de passar tanto tempo com o coração machucado, e o pior,
não era por causa de garoto mas sim da minha família. Não sei o que seria de
mim se eu não soubesse sorrir; encaro tudo com positividade, quando todos estão
estressados e quase explodindo eu estou sorrindo, não de felicidade, como eu
disse desconheço esse sentimento, eu rio para não chorar, quando dificilmente
fico nervosa, não sei parar de pensar, falo comigo mesma, meus pensamentos
reinam em todo o meu silêncio. Guardo tudo para mim, ninguém se importa de
verdade comigo. Ok parei, se importam sim, mas não o suficiente. O que importa
para eles é que eu estou viva. Tenho que fazer tudo e mais um pouco para não me
sentir destruída, não posso me entregar a uma depressão de novo.
Eu queria que tudo fosse mais
fácil, menos complicado e sem tanta dor. Eu não sei o que fazer. Eu queria
acordar pensando em algo ou alguém, queria ter algo para me preocupar, mas não
nada me vem na cabeça quando acordo, essa rotina me faz enlouquecer. Não sei o
que fazer, mas me sinto como se tivesse evitando algo. Eu repito várias e
várias vezes “Eu não sei o que fazer, eu não sei...”, fico andando de um lado
para o outro parecendo viciada. E eu estava viciada. Viciada em guardar tudo
para mim, viciada em ficar em silêncio, viciada em não me permitir ser feliz... Hei calma... É isso! Não me permito ser feliz, será que estou fugido desse
sentimento? É estranho uma pessoa pensar isso, é estranho uma pessoa ficar
tanto tempo sem sorrir de verdade, sem ter motivos para se alegrar.
Talvez o mundo não seja desse
jeito, talvez ele possa ter um arco-íris perfeito no meio de nós. Não sei por
que não consigo me alegrar. Eu só queria que se importassem comigo. Sinto falta
de me perguntarem se estou bem, se tive sonhos, sinto falta de amor e carinho.
Não queria admitir isso, mas não sei mais o que fazer. Estou carente,
necessitada de atenção e não tenho ideia de como suprir esses sentimentos sem
fazer nada. Sei que não entenderiam, estão ocupados de mais, esquecendo que a
vida é para viver e não tentar melhorar a vida dos outros parecendo escravos;
melhor eu parar, não sou muito diferente, já que não estou vivendo a minha
vida. E de novo cheguei ao ponto de que não sei o que fazer, eu não sei! Como
pode acabei de falar mentalmente em toda essa reflexão encarando o teto, vinte
e cinco vezes a palavra não, nem sei como posso ser tão positiva falando com os
outros e tão negativa falando com meu subconsciente.
Eu me sinto estranha, muito
estranha, estou até pensando em usar meu segundo nome como estranha. Me sinto
tão ingênua e sem coração, talvez até um pouco orgulhosa de pensar tudo isso e
ainda chamar o mundo de frio, solitário e sem cores. As pessoas devem ter seus
motivos para agirem dessa forma. Não, estou complicando tudo de novo não é
mesmo? Estou confundindo você... Calma... Não sei por que não sinto alegria,
mas acho injusto impedir os outros de se sentirem... Às vezes me confundo no
que digo devido meu subconsciente ser tão próximo de mim, não sei por que mais
confio nele, ah sei sim. Ele é sincero comigo.
Estava quase falando com o teto
de tanto encará-lo, mais um amigo estranho.
- E ai teto? Tudo bem contigo ai? –
Pergunto e espero uma resposta mentalmente se ele realmente pudesse falar. –
Nossa, concordo com você, também me sinto assim.
Sim estou quase enlouquecendo,
estou até falando com o teto do meu quarto, daqui a pouco estou quase me
desculpando com a cama por ficar tanto tempo abusando do seu conforto.
Realmente preciso de ajuda, preciso de amor e carinho. Preciso ser mais, ser mais do que só existir...
- Melissa.
- Melissa.
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